Recanto do
saber
AÇÕES QUE CATIVAM Ter intimidade com o acervo e usar estratégias
corretas potencializa o uso da biblioteca. Foto: Ricardo Jaeger
A pesar de não ser o responsável pela
organização das prateleiras, cabe ao professor conhecer a variedade de títulos
e materiais disponível nas bibliotecas escolares para, como um planejamento
eficiente e estratégias pensadas, enriquecer o ensino dos conteúdos
curriculares.
"O docente deve procurar saber quais são as possibilidades para a sua disciplina. Essa etapa vai facilitar a discussão sobre o formato e o papel das atividades", afirma Lucila Martínez, especialista que implementou políticas da área para governos latino-americanos pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Segundo ela, com a correta utilização das obras, é possível expandir o conhecimento da turma e ampliar os horizontes dos estudantes, que sentirão necessidade de acessar outras estações, como bibliotecas públicas. "Também é possível valorizar a produção própria dos alunos, que vão ser representados entre os autores tradicionais, e estimular a leitura pelo prazer, em rodas de leitura, por exemplo", complementa a especialista.
Pesquisas feitas pelo governo federal nos últimos anos já detectaram uma relação clara entre o uso frequente do espaço e o bom desempenho dos estudantes. "A biblioteca escolar bem utilizada funciona como uma potente ferramenta para o desenvolvimento do aluno, de sua autonomia intelectual e também do processo de ensino e aprendizagem", afirma Marcelo Soares, diretor de Políticas de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologias para a Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC).
Por meio de livros, mas também de revistas, mapas, atlas e materiais multimídia, o educador de todas as disciplinas pode ampliar a bagagem das crianças, ensinar e fazê-las tomar gosto pelo conhecimento e pela leitura. Confira, a seguir, as cinco estratégias fundamentais para utilizar a biblioteca escolar de forma mais eficaz com a turma.
1. Conhecer os materiais é chave para planejar o trabalho
"O docente deve procurar saber quais são as possibilidades para a sua disciplina. Essa etapa vai facilitar a discussão sobre o formato e o papel das atividades", afirma Lucila Martínez, especialista que implementou políticas da área para governos latino-americanos pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Segundo ela, com a correta utilização das obras, é possível expandir o conhecimento da turma e ampliar os horizontes dos estudantes, que sentirão necessidade de acessar outras estações, como bibliotecas públicas. "Também é possível valorizar a produção própria dos alunos, que vão ser representados entre os autores tradicionais, e estimular a leitura pelo prazer, em rodas de leitura, por exemplo", complementa a especialista.
Pesquisas feitas pelo governo federal nos últimos anos já detectaram uma relação clara entre o uso frequente do espaço e o bom desempenho dos estudantes. "A biblioteca escolar bem utilizada funciona como uma potente ferramenta para o desenvolvimento do aluno, de sua autonomia intelectual e também do processo de ensino e aprendizagem", afirma Marcelo Soares, diretor de Políticas de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologias para a Educação Básica, do Ministério da Educação (MEC).
Por meio de livros, mas também de revistas, mapas, atlas e materiais multimídia, o educador de todas as disciplinas pode ampliar a bagagem das crianças, ensinar e fazê-las tomar gosto pelo conhecimento e pela leitura. Confira, a seguir, as cinco estratégias fundamentais para utilizar a biblioteca escolar de forma mais eficaz com a turma.
1. Conhecer os materiais é chave para planejar o trabalho
MUITO ALÉM DO LIVRO Jornais também fazem parte do acervo. Em Matemática, notícias de economia são conteúdo. Foto: Normando Sóraclis
É fato que as bibliotecas escolares costumam ser mais usadas nas aulas de Língua Portuguesa, mas não deve ser assim. "Os livros de literatura são importantes, claro, mas os professores de todas as disciplinas devem se apropriar do acervo, diversificando o trabalho com a utilização de obras de referência (dicionários, enciclopédias e similares), livros didáticos, paradidáticos, técnicos, científicos, materiais audiovisuais, periódicos e jornais, entre outros", ressalta Edmir Perrotti, doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP).
Maria Delma Pereira leciona matemática no 9º ano na EE Simão Ângelo, em Penaforte, a 631 quilômetros de Fortaleza, e aplicou essa teoria para integrar a biblioteca à rotina dos alunos. "Pesquisando, vi uma boa quantidade de jornais e revistas e resolvi usar as notícias de economia para ensinar porcentagem", conta. "Eles selecionavam o índice de desempregados no estado citado pela reportagem escolhida e, com base no número da população total, calculávamos quantas pessoas estavam fora do mercado de trabalho. O processo inverso, de ver a porcentagem partindo do número citado em outra matéria, também foi feito. Usar um fato presente na vida de todos tornou a matemática mais palpável", destaca.
Para que atividade funcionasse, Maria Delma precisou planejar. Pesquisou, leu reportagens e preparou os alunos para a atividade, explicando como ela se desenvolveria antes de eles irem ao espaço.
2. Difundir o uso da biblioteca dentro e fora da escola
Maria Delma Pereira leciona matemática no 9º ano na EE Simão Ângelo, em Penaforte, a 631 quilômetros de Fortaleza, e aplicou essa teoria para integrar a biblioteca à rotina dos alunos. "Pesquisando, vi uma boa quantidade de jornais e revistas e resolvi usar as notícias de economia para ensinar porcentagem", conta. "Eles selecionavam o índice de desempregados no estado citado pela reportagem escolhida e, com base no número da população total, calculávamos quantas pessoas estavam fora do mercado de trabalho. O processo inverso, de ver a porcentagem partindo do número citado em outra matéria, também foi feito. Usar um fato presente na vida de todos tornou a matemática mais palpável", destaca.
Para que atividade funcionasse, Maria Delma precisou planejar. Pesquisou, leu reportagens e preparou os alunos para a atividade, explicando como ela se desenvolveria antes de eles irem ao espaço.
2. Difundir o uso da biblioteca dentro e fora da escola
PRATELEIRAS ALHEIAS A biblioteca escolar deve ser o ponto de partida para outras estações de pesquisa, como a livraria. Foto: João Marcos Rosa
Mesmo que o acervo seja amplo, o docente precisa ter a consciência de que atividades que extrapolem a leitura e análise das obras enriquecem o trabalho com a turma e não podem ser esquecidas. Trazer um escritor para ler em voz alta alguma obra de autoria própria já vista pelos alunos ou chamar um nutricionista que fale sobre a alimentação saudável, finalizando uma pesquisa guiada nas aulas de Ciências, são formas criativas de agregar novas e diferentes informações aos temas curriculares.
Essa ampliação do alcance da biblioteca pode também funcionar no sentido oposto, cruzando os muros das unidades de ensino. Perrotti diz que é essencial ampliar os conhecimentos acessados e incentivar nos estudantes a vontade de procurar novas fontes de dados. Por isso, o professor deve pensar em outras estações, tais como unidades públicas, museus e casas de cultura, que possam complementar ou mesmo mostrar visões inovadoras dos assuntos pesquisados (saiba quantas cidades contam com bibliotecas no quadro da página seguinte). "A partir do que se aprendeu na escola, surgem novas perguntas a serem respondidas em outros espaços que possibilitem diferentes tipos de interação. Isso é importante não só do ponto de vista da informação mas também da formação, pois é frequentando esses locais que o aluno incorpora o hábito de procurar o que deseja."
Na EE Professor Leopoldo de Miranda, em Belo Horizonte, por exemplo, a professora de Língua Portuguesa Heloisa Ferreira promove visitas a livrarias com seus alunos do 6º ao 8º ano. "Com planejamento e de acordo com o tema estudado, deixo que leiam em outro ambiente. Eles aprendem e palpitam sobre o que nos ajudaria na sala de aula", diz ela.
Essa ampliação do alcance da biblioteca pode também funcionar no sentido oposto, cruzando os muros das unidades de ensino. Perrotti diz que é essencial ampliar os conhecimentos acessados e incentivar nos estudantes a vontade de procurar novas fontes de dados. Por isso, o professor deve pensar em outras estações, tais como unidades públicas, museus e casas de cultura, que possam complementar ou mesmo mostrar visões inovadoras dos assuntos pesquisados (saiba quantas cidades contam com bibliotecas no quadro da página seguinte). "A partir do que se aprendeu na escola, surgem novas perguntas a serem respondidas em outros espaços que possibilitem diferentes tipos de interação. Isso é importante não só do ponto de vista da informação mas também da formação, pois é frequentando esses locais que o aluno incorpora o hábito de procurar o que deseja."
Na EE Professor Leopoldo de Miranda, em Belo Horizonte, por exemplo, a professora de Língua Portuguesa Heloisa Ferreira promove visitas a livrarias com seus alunos do 6º ao 8º ano. "Com planejamento e de acordo com o tema estudado, deixo que leiam em outro ambiente. Eles aprendem e palpitam sobre o que nos ajudaria na sala de aula", diz ela.
Mais livros, mais bibliotecas
O Programa Nacional Biblioteca na Escola, do MEC, deve distribuir este ano acervos literários para abastecer as escolas brasileiras, priorizando títulos destinados aos alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Unidades com até 250 alunos devem receber 100 títulos; com 251 a 500 jovens matriculados, 200; e acima de 501 estudantes, 300. Os kits serão compostos de livros de poemas, contos, crônicas, teatro, texto de tradição popular, romance, memória, diário, biografia, ensaio, histórias em quadrinhos e obras clássicas. Ainda faltam, no entanto, obras de referência, paradidáticos e CDs e DVDs, que poderiam enriquecer ainda mais os materiais disponíveis aos alunos e facilitar o uso por professores de todas as disciplinas. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), das 136.781 mil escolas de Ensino Fundamental, apenas 41.646 (30%) contam com biblioteca. É uma realidade longe da ideal, mas outra estatística mostra que ainda há esperança. O Ministério da Cultura promete este ano zerar o déficit de 361 cidades (6,4% do total) que não têm unidades municipais, para diminuir a atual relação de 33 mil brasileiros para cada biblioteca. O acervo desses estabelecimentos é limitado, mas já é um bom começo para interessados em disseminar a cultura da leitura.
3. Ensinar a pesquisar para fortalecer a autonomia
NOME E ENDEREÇO Cabe ao professor ensinar aos alunos os critérios de distribuição dos livros e materiais. Foto: Ricardo Jaeger
A biblioteca é um local que concentra informação e saber encontrá-la é uma competência fundamental - e deve ser ensinada desde cedo. "Esse exercício evita a formação de alunos dependentes do professor, que não acessam o potencial dos livros por si mesmos e se tornam passivos em relação ao conhecimento", afirma Walda de Andrade Antunes, mestre em Ciências da Informação e doutora em Educação, com uma tese sobre biblioteca escolar. Para que os alunos acessem a diversidade de fontes, é preciso colocá-los a par das regras de organização desde a Educação Infantil.
O livro Ler e Escrever - Entrando no Mundo da Escrita, da pesquisadora francesa Anne Marie-Chartier e de outros autores, diz que o ideal é expor primeiramente a criança a cantos de leitura na própria sala de aula, estimulando-as, aos poucos, a reconhecer as diferentes "famílias" de livros, como os didáticos, os de histórias e os dicionários, inclusive separando-os por suas características. Desse momento em diante, vale introduzir as formas de organização usadas normalmente (ordem alfabética, por tema etc.) para que as crianças se habituem a elas.
No Ensino Fundamental, uma atividade interessante é a do jogo do bibliotecário, em que a turma tem de achar um determinado título. Após o desafio, a professora pode questionar por que os alunos foram em determinada direção e por que encontraram a obra num determinado local e não em outro.
Saber em que prateleira cada coisa está, entretanto, não basta. É preciso acompanhar o aluno no manuseio das obras e ensinar o nome e a função das partes do livro, como índices, notas de rodapé, orelha e contracapa. Um projeto de pesquisa que abranja objetivos, justificativas, metodologia, produto final, fontes de consulta e cronograma também é importante para mostrar as fases do processo. O resultado é que, além de aprender o conteúdo, o jovem desenvolverá saberes que serão usados sempre.
4. Expor a produção dos alunos. Mas com critérios
O livro Ler e Escrever - Entrando no Mundo da Escrita, da pesquisadora francesa Anne Marie-Chartier e de outros autores, diz que o ideal é expor primeiramente a criança a cantos de leitura na própria sala de aula, estimulando-as, aos poucos, a reconhecer as diferentes "famílias" de livros, como os didáticos, os de histórias e os dicionários, inclusive separando-os por suas características. Desse momento em diante, vale introduzir as formas de organização usadas normalmente (ordem alfabética, por tema etc.) para que as crianças se habituem a elas.
No Ensino Fundamental, uma atividade interessante é a do jogo do bibliotecário, em que a turma tem de achar um determinado título. Após o desafio, a professora pode questionar por que os alunos foram em determinada direção e por que encontraram a obra num determinado local e não em outro.
Saber em que prateleira cada coisa está, entretanto, não basta. É preciso acompanhar o aluno no manuseio das obras e ensinar o nome e a função das partes do livro, como índices, notas de rodapé, orelha e contracapa. Um projeto de pesquisa que abranja objetivos, justificativas, metodologia, produto final, fontes de consulta e cronograma também é importante para mostrar as fases do processo. O resultado é que, além de aprender o conteúdo, o jovem desenvolverá saberes que serão usados sempre.
4. Expor a produção dos alunos. Mas com critérios
ESPAÇO PARA TODOS Se agregam conteúdo, as obras dos estudantes também devem ser indexadas à biblioteca. Foto: Ricardo Jaeger
É essencial aos estudantes entender que o material da biblioteca serve como base para a construção do conhecimento. Mas aquilo que a turma produz também serve como referência e pode ser exposto como fonte de consulta. Lucila Martínez, consultora da Unesco, diz que isso precisa ser feito de forma criteriosa. "Assim como não é qualquer material que é exposto na biblioteca, os trabalhos dos alunos não devem ser mostrados só para que eles se sintam valorizados. Para serem colocadas nas prateleiras, as produções precisam ser avaliadas. Se o acervo é uma escolha pedagógica feita pela escola, baseada em critérios, os trabalhos da turma que o formarão também merecem ser", salienta a especialista.
Karla Denise Bolson, professora de Artes do 6º ao 9º ano na EE Souza Lobo, em Porto Alegre, costuma analisar quais são os trabalhos que compilam, de forma clara e rica, os conhecimentos importantes para o grupo. "Fiz um trabalho em parceria com as professoras de Língua Portuguesa em que os alunos produziram uma seleção de contos. Eles se dividiram em grupos, escolheram uma obra e, baseados nela, reescreveram ou criaram textos novos. Dois livros ficaram especialmente bons e os expusemos", conta.
5. Ler por prazer em casa, na escola, só ou acompanhado
Karla Denise Bolson, professora de Artes do 6º ao 9º ano na EE Souza Lobo, em Porto Alegre, costuma analisar quais são os trabalhos que compilam, de forma clara e rica, os conhecimentos importantes para o grupo. "Fiz um trabalho em parceria com as professoras de Língua Portuguesa em que os alunos produziram uma seleção de contos. Eles se dividiram em grupos, escolheram uma obra e, baseados nela, reescreveram ou criaram textos novos. Dois livros ficaram especialmente bons e os expusemos", conta.
5. Ler por prazer em casa, na escola, só ou acompanhado
VONTADE PRÓPRIA Estimular que o aluno leve o livro para casa incentiva a formação de leitores independentes. Foto: João Marcos Rosa/Ag. Nitro
Tão importante quanto integrar a biblioteca ao estudo dos conteúdos escolares é torná-la um ambiente onde os alunos leiam por prazer. Cisele Ortiz, coordenadora do programa Biblioteca Ativa, do Instituto Avisa Lá, de São Paulo, diz que dar liberdade ao estudante para ler o que quiser é criar um espaço livre de exploração da imaginação e criatividade. Essa leitura prazerosa, no entanto, pode e deve ser estimulada de várias formas.
Na EE Souza Lobo, a professora de Português Sandra Petrillo de Moraes, que dá aula no 4º e no 6º ano, incentiva a leitura com atividades que mostram quanto esse gesto é interessante. "Além da leitura em voz alta, costumo promover rodas de indicação de obras e debates sobre o que cada aluno está lendo. É mais interessante para o grupo que o estudante responda a perguntas coletivas sobre o livro do que pedi-lo para fazer uma ficha de leitura individual. Todos saem ganhando", conta.
Jose Luiz Goldfarb, consultor do projeto Letras de Luz, iniciativa da Fundação Victor Civita (FVC), afirma que é indispensável envolver a família dos alunos nesse processo. "Chamar os pais para frequentar a biblioteca escolar ou montar uma unidade que seja comunitária é uma forma de fazer com que a leitura saia da escola e contamine as pessoas. Precisamos estimular os jovens e formar leitores independentes para a vida."
Na EE Souza Lobo, a professora de Português Sandra Petrillo de Moraes, que dá aula no 4º e no 6º ano, incentiva a leitura com atividades que mostram quanto esse gesto é interessante. "Além da leitura em voz alta, costumo promover rodas de indicação de obras e debates sobre o que cada aluno está lendo. É mais interessante para o grupo que o estudante responda a perguntas coletivas sobre o livro do que pedi-lo para fazer uma ficha de leitura individual. Todos saem ganhando", conta.
Jose Luiz Goldfarb, consultor do projeto Letras de Luz, iniciativa da Fundação Victor Civita (FVC), afirma que é indispensável envolver a família dos alunos nesse processo. "Chamar os pais para frequentar a biblioteca escolar ou montar uma unidade que seja comunitária é uma forma de fazer com que a leitura saia da escola e contamine as pessoas. Precisamos estimular os jovens e formar leitores independentes para a vida."
Reportagem 1 enviada por: Cicera Heliania Cordeiro de Oliveira
Justiça garante ingresso de menores de 6 anos no fundamental
Decisão contraria parecer do Conselho Nacional de Educação, que estipula data corte, e vale para todo País. MEC pode recorrer
A Justiça Federal concedeu uma sentença que garante o ingresso de crianças menores de 6 anos no ensino fundamental. Segundo parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), aprovado em 2010, o aluno precisa ter 6 anos completos até 31 de março do ano letivo para ser matriculado no 1° ano do ensino fundamental – caso contrário deverá permanecer na educação infantil.
Leia também as seguintes matérias através dos links abaixo:
A decisão do juiz Claudio Kitner, da 2ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco, atende o pedido de uma ação civil pública do Ministério Público Federal no Estado e determina que que uma avaliação psicopedagógica, feita pela instituição de ensino, verifique se a criança tem capacidade intelectual de ingressar no ensino fundamental.
A resolução do CNE (que não tem caráter de lei) tem sido alvo de diversas ações individuais e coletivas no último ano. A decisão do juiz Kitner vale para todo o País, mas o Ministério da Educação (MEC) ainda pode recorrer.
A sentença estabelece multa diária de R$ 100 mil para o caso de descumprimento da decisão pela União. Outra multa, no valor de R$ 30 mil, será aplicada se for expedido qualquer ato normativo contrário à determinação judicial. A decisão deverá ser comunicada, pela União, às secretarias de Educação dos Estados e do Distrito Federal, em até 30 dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil. Com a decisão, ficam suspensas todas as resoluções do CNE sobre o tema.
Para o MPF, a idade limite para ingresso no ensino fundamental fere o princípio constitucional da isonomia, pois não considera as peculiaridades de cada criança. Na ação, o procurador da República argumenta que a capacidade de aprendizagem da criança deve ser analisada de forma individual, não genérica, porque não se expressa exclusivamente pela idade cronológica.
De acordo com o autor do parecer do CNE, César Callegari, atual secretário da Educação Básica do MEC, o objetivo da resolução era organizar o ingresso das crianças no ensino fundamental e evitar o ingresso precoce no ensino fundamental.
O MEC analisa a decisão da Justiça Federal de Pernambuco para avaliar a possibilidade de recorrer.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-04-19/justica-garante-ingresso-de-menores-de-6-anos-no-fundamental.html
Reportagem 2 enviada por: Fabiana A.F.Oliveira
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A decisão do juiz Claudio Kitner, da 2ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco, atende o pedido de uma ação civil pública do Ministério Público Federal no Estado e determina que que uma avaliação psicopedagógica, feita pela instituição de ensino, verifique se a criança tem capacidade intelectual de ingressar no ensino fundamental.
A resolução do CNE (que não tem caráter de lei) tem sido alvo de diversas ações individuais e coletivas no último ano. A decisão do juiz Kitner vale para todo o País, mas o Ministério da Educação (MEC) ainda pode recorrer.
A sentença estabelece multa diária de R$ 100 mil para o caso de descumprimento da decisão pela União. Outra multa, no valor de R$ 30 mil, será aplicada se for expedido qualquer ato normativo contrário à determinação judicial. A decisão deverá ser comunicada, pela União, às secretarias de Educação dos Estados e do Distrito Federal, em até 30 dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil. Com a decisão, ficam suspensas todas as resoluções do CNE sobre o tema.
Para o MPF, a idade limite para ingresso no ensino fundamental fere o princípio constitucional da isonomia, pois não considera as peculiaridades de cada criança. Na ação, o procurador da República argumenta que a capacidade de aprendizagem da criança deve ser analisada de forma individual, não genérica, porque não se expressa exclusivamente pela idade cronológica.
De acordo com o autor do parecer do CNE, César Callegari, atual secretário da Educação Básica do MEC, o objetivo da resolução era organizar o ingresso das crianças no ensino fundamental e evitar o ingresso precoce no ensino fundamental.
O MEC analisa a decisão da Justiça Federal de Pernambuco para avaliar a possibilidade de recorrer.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-04-19/justica-garante-ingresso-de-menores-de-6-anos-no-fundamental.html
Reportagem 2 enviada por: Fabiana A.F.Oliveira
Olá pessoal, tudo bem?
Nestes tempos que antecedem à Rio + 20, é de fundamental importância que todos se mantenham antenados e atualizados com os assuntos ligados ao meio ambiente e à sustentabilidade do nosso ecossistema e do planeta como um todo.
Mais uma vez, Nova Escola publica uma matéria super atual e com tudo a ver sobre o tem que abordamos nesta oportunidade.
Boa leitura!
Meio ambiente e sustentabilidade
As questões ambientais ganharam força nesta última
década, e é seu papel, professor, levar os temas relevantes para a boa vida no
planeta para dentro da sala de aula. Para te ajudar nesta tarefa, selecionamos
mais de 260 links com reportagens, entrevistas, infográficos, vídeos e planos
de aula sobre o tema. Ajude a transformar a sua escola em um exemplo de
sustentabilidade e bom trabalho!
Rita Mendonça "O educador
ambiental ensina por suas atitudes"
Divulgadora no Brasil de uma nova
metodologia de educação ambiental, a bióloga e socióloga acredita que o
professor deve explorar a natureza com os alunos e compartilhar com eles suas impressões.
Para resolver os problemas ambientais,
é necessário mais do que separar o lixo para reciclagem ou fechar a torneira
enquanto se escova os dentes. Refletir sobre o nosso comportamento e as
relações que temos com a natureza e com as pessoas também é parte fundamental
desse processo na opinião de Rita Mendonça. Bióloga e socióloga, ela é cofundadora do
Instituto Romã, entidade sediada em São Paulo que representa no Brasil a
Sharing Nature Foundation - organização não governamental americana dedicada à
educação ao ar livre. Rita abrasileirou a metodologia de ensino da Sharing,
baseada em dinâmicas e jogos sequenciais. O objetivo é levar os participantes a
concentrar a atenção, a aguçar a percepção e a ter um contato mais profundo com
a natureza, já que a experiência é essencial para a mudança de comportamento em
relação ao mundo. Educadores estão sendo formados pelo Instituto Romã para
trabalhar com essa perspectiva em um programa que une teoria e muita prática,
em viagens a campo. "O professor já sabe muita coisa sobre o tema, mas
precisa experimentar o que ensina", diz Rita. Nesta entrevista concedida a NOVA ESCOLA,
ela explica esse novo conceito de educação ambiental.
Como nasceu a educação ambiental?
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972, a sociedade tomou conhecimento dos problemas ambientais e os governos definiram que a saída para mudar o mundo seria a educação. Foi necessário criar o termo educação ambiental porque nos afastamos da natureza. Os processos educativos ficaram racionais e a escola descuidou dos sentimentos, das sensações e das relações em sala de aula, esquecendo o ar, a água, o corpo, o bairro, a cidade, o planeta. Ora, se a educação ambiental pretende resolver os problemas ambientais pela formação das pessoas, é preciso usar ferramentas transformadoras. Uma delas é o aprendizado sequencial.
O que é o aprendizado sequencial em educação ambiental?
É uma pedagogia que desenvolve a percepção de alunos e professores. A proposta consiste em uma sequência de atividades, em quatro fases, que deve ser aplicada em espaços naturais - na praça, no parque, na praia, na montanha, no mangue e até mesmo no jardim da escola.
Como se dá, na prática, esse aprendizado?
A primeira fase, Despertar Entusiasmo, é formada por jogos que servem para criar interação e harmonia no grupo. Uma das dinâmicas é realizada em uma área com diferentes espécies de árvore. O professor escolhe uma que tenha uma aparência atraente - um salgueiro ou um pinheiro, por exemplo - e imita a forma dela com seu corpo. Observando o professor, as crianças tentam reconhecer qual é a árvore escolhida. A segunda, Concentrar a Atenção, é o foco da metodologia: visa promover a concentração da turma e acalmar a mente. Os exercícios despertam o interesse em ouvir os sons da natureza e perceber diferentes temperaturas e cheiros. A terceira, Experiência Direta, desenvolve a percepção das diferenças entre os elementos da natureza. Em uma das brincadeiras, os alunos, de olhos vendados, sentem uma árvore pela textura, pela forma e pelo cheiro. Depois, de olhos abertos, eles têm que reconhecer na mata, qual é aquela árvore. Essa interação aguça a intuição e a percepção. Na última fase, Compartilhar, os estudantes dividem suas impressões sobre o que fizeram durante essas aulas contando histórias, fazendo desenhos, poesias coletivas e individuais e haicais.
Como é o trabalho do educador no aprendizado sequencial?
Ao explorar a natureza com as crianças, ele aplica cinco regras da educação ao ar livre. A primeira é ensinar menos e compartilhar mais. Isso torna qualquer visita mais agradável, porque a criança se cansa de ficar apenas ouvindo. A segunda é ser receptivo, perceber o que os alunos estão pedindo e humanizar as relações. A terceira é se concentrar, porque não dá para fazer nada se a turma não estiver atenta. A quarta regra é experimentar primeiro e falar depois. Nem tudo precisa ser explicado. É importante dar ao professor e às crianças tempo para encantar-se com detalhes que ainda ninguém viu e compartilhar o que todos estão sentindo. Por fim, criar um ambiente leve, alegre e receptivo, onde todos se sintam bem. O trabalho visa fazer alunos e professores perceberem o que estão sentindo, pois o sentimento influencia a maneira de compreender e pensar. É mais fácil discordar de uma idéia se você está irritado. Quando está feliz, tende a ser mais receptivo.
Professores de todas as disciplinas podem ser educadores ambientais?
Sim. O professor de Ciências tem muita informação sobre a natureza e acaba fazendo um trabalho mais explicativo. Mas o fundamental para qualquer professor é educar principalmente pelo que ele é, por suas atitudes, e não apenas pelo conhecimento que tem da matéria. As crianças aprendem muito pela imitação. O bom professor diz aquilo em que de fato acredita. Ele refletiu sobre o conteúdo que leciona e fala do assunto com convicção, fazendo uma confissão por meio da Física, da Matemática, da Língua Portuguesa.
O professor está preparado para ser um educador ambiental?
Especialmente preparado, porque é um educador. Mas, se ele quer se engajar na questão ambiental, deve começar pensando na sua vida, no seu comportamento e na sua relação com o próprio corpo e com a natureza. O contato mais direto que temos com ela é pela alimentação. Então, ele deve analisar a relação entre o que come, o ambiente e o modo como monta seu cardápio, por exemplo. Uma maneira de fazer isso é pensar sobre o ciclo que aquele alimento percorreu, desde sua origem até chegar à mesa. É importante também refletir sobre o que consome e como se relaciona com o mundo à sua volta. O professor pode ainda perceber como se sente na frente de uma vitrine. Tem vontade de comprar? Fica frustrado se não pode? Analisa por que necessita daquilo? Esse exercício dá uma grande bagagem, equivalente à que ele acumularia em vários cursos. É só aprender a usá-la.
Qual o benefício de a escola proporcionar uma vivência na natureza?
Em contato com a natureza percebemos que temos uma existência em comum. Quanto mais unificamos as relações entre nós e o ambiente, mais harmônica é nossa vida. Na nossa proposta pedagógica, o professor não ensina o que é natureza e não a descreve, mas relaciona-se com ela e compartilha com os alunos o que para ele faz sentido nessa experiência. O encantamento dos estudantes pelo tema vem dessa troca com o professor, que motiva a turma a querer aprender. O relacionamento entre eles se torna mais intenso e sincero, as mentes se acalmam e a concentração de todos melhora.
A questão ambiental tem caráter filosófico?
O problema ambiental é resultado de uma crise de percepção. Se queremos resolver essa crise, temos de melhorar nosso entendimento sobre o mundo. Assim, criamos um território fértil para encontrar soluções, e a escola pode ajudar nisso. Durante as aulas, promovemos momentos de diálogo - o que é muito diferente do debate -, em que os estudantes conversam, analisando o que pensam sobre aquele assunto e procurando entender o que está acontecendo em nosso planeta. Esse é um exercício de observação de nossa forma de pensar e das dificuldades de aceitar opiniões diferentes.
Qual é a origem dos problemas ambientais?
Os biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Valera e a historiadora austríaca Riane Eisler sustentam a idéia de que os problemas ambientais surgiram há 7 mil anos, com o fim das culturas "matrísticas" - o termo vem da palavra matriz e se refere à mulher - e o surgimento das culturas patriarcais. Na cultura matrística, a relação com a natureza e com as pessoas da comunidade e de outros povos era estabelecida por limites e de forma harmônica. Os povos se viam como parte do ambiente e a complexidade estava nas relações e não nas questões materiais. A cultura patriarcal surgiu na Mesopotâmia, quando o homem começou a desejar dominar o meio e outros povos. Hoje, temos o mesmo conflito: aceitar os limites impostos pela natureza sabendo que somos 6 bilhões e que vivemos em um planeta só ou atender ao desejo de ter uma vida confortável e consumir cada vez mais?
Por que a tecnologia e a ciência não conseguiram resolver esses problemas?
Albert Einstein dizia que nós não conseguimos solucionar um problema permanecendo no mesmo nível de consciência em que ele foi criado. Veja o exemplo do lixo: começamos a criar substâncias artificiais que a natureza não reconhece. Daí, desenvolvemos tecnologias de reciclagem que imitam com muita limitação o ciclo da natureza, mas não resolvem a questão. A confiança na tecnologia faz as pessoas consumirem sem compromisso. Hoje, o volume de produção de lixo é desproporcional ao que é possível reciclar. Então, a reciclagem nunca solucionará a questão, porque a indústria vai criar novas substâncias e as pessoas vão consumir cada vez mais achando que tudo pode ser reciclado.
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente realizada em Estocolmo, na Suécia, em 1972, a sociedade tomou conhecimento dos problemas ambientais e os governos definiram que a saída para mudar o mundo seria a educação. Foi necessário criar o termo educação ambiental porque nos afastamos da natureza. Os processos educativos ficaram racionais e a escola descuidou dos sentimentos, das sensações e das relações em sala de aula, esquecendo o ar, a água, o corpo, o bairro, a cidade, o planeta. Ora, se a educação ambiental pretende resolver os problemas ambientais pela formação das pessoas, é preciso usar ferramentas transformadoras. Uma delas é o aprendizado sequencial.
O que é o aprendizado sequencial em educação ambiental?
É uma pedagogia que desenvolve a percepção de alunos e professores. A proposta consiste em uma sequência de atividades, em quatro fases, que deve ser aplicada em espaços naturais - na praça, no parque, na praia, na montanha, no mangue e até mesmo no jardim da escola.
Como se dá, na prática, esse aprendizado?
A primeira fase, Despertar Entusiasmo, é formada por jogos que servem para criar interação e harmonia no grupo. Uma das dinâmicas é realizada em uma área com diferentes espécies de árvore. O professor escolhe uma que tenha uma aparência atraente - um salgueiro ou um pinheiro, por exemplo - e imita a forma dela com seu corpo. Observando o professor, as crianças tentam reconhecer qual é a árvore escolhida. A segunda, Concentrar a Atenção, é o foco da metodologia: visa promover a concentração da turma e acalmar a mente. Os exercícios despertam o interesse em ouvir os sons da natureza e perceber diferentes temperaturas e cheiros. A terceira, Experiência Direta, desenvolve a percepção das diferenças entre os elementos da natureza. Em uma das brincadeiras, os alunos, de olhos vendados, sentem uma árvore pela textura, pela forma e pelo cheiro. Depois, de olhos abertos, eles têm que reconhecer na mata, qual é aquela árvore. Essa interação aguça a intuição e a percepção. Na última fase, Compartilhar, os estudantes dividem suas impressões sobre o que fizeram durante essas aulas contando histórias, fazendo desenhos, poesias coletivas e individuais e haicais.
Como é o trabalho do educador no aprendizado sequencial?
Ao explorar a natureza com as crianças, ele aplica cinco regras da educação ao ar livre. A primeira é ensinar menos e compartilhar mais. Isso torna qualquer visita mais agradável, porque a criança se cansa de ficar apenas ouvindo. A segunda é ser receptivo, perceber o que os alunos estão pedindo e humanizar as relações. A terceira é se concentrar, porque não dá para fazer nada se a turma não estiver atenta. A quarta regra é experimentar primeiro e falar depois. Nem tudo precisa ser explicado. É importante dar ao professor e às crianças tempo para encantar-se com detalhes que ainda ninguém viu e compartilhar o que todos estão sentindo. Por fim, criar um ambiente leve, alegre e receptivo, onde todos se sintam bem. O trabalho visa fazer alunos e professores perceberem o que estão sentindo, pois o sentimento influencia a maneira de compreender e pensar. É mais fácil discordar de uma idéia se você está irritado. Quando está feliz, tende a ser mais receptivo.
Professores de todas as disciplinas podem ser educadores ambientais?
Sim. O professor de Ciências tem muita informação sobre a natureza e acaba fazendo um trabalho mais explicativo. Mas o fundamental para qualquer professor é educar principalmente pelo que ele é, por suas atitudes, e não apenas pelo conhecimento que tem da matéria. As crianças aprendem muito pela imitação. O bom professor diz aquilo em que de fato acredita. Ele refletiu sobre o conteúdo que leciona e fala do assunto com convicção, fazendo uma confissão por meio da Física, da Matemática, da Língua Portuguesa.
O professor está preparado para ser um educador ambiental?
Especialmente preparado, porque é um educador. Mas, se ele quer se engajar na questão ambiental, deve começar pensando na sua vida, no seu comportamento e na sua relação com o próprio corpo e com a natureza. O contato mais direto que temos com ela é pela alimentação. Então, ele deve analisar a relação entre o que come, o ambiente e o modo como monta seu cardápio, por exemplo. Uma maneira de fazer isso é pensar sobre o ciclo que aquele alimento percorreu, desde sua origem até chegar à mesa. É importante também refletir sobre o que consome e como se relaciona com o mundo à sua volta. O professor pode ainda perceber como se sente na frente de uma vitrine. Tem vontade de comprar? Fica frustrado se não pode? Analisa por que necessita daquilo? Esse exercício dá uma grande bagagem, equivalente à que ele acumularia em vários cursos. É só aprender a usá-la.
Qual o benefício de a escola proporcionar uma vivência na natureza?
Em contato com a natureza percebemos que temos uma existência em comum. Quanto mais unificamos as relações entre nós e o ambiente, mais harmônica é nossa vida. Na nossa proposta pedagógica, o professor não ensina o que é natureza e não a descreve, mas relaciona-se com ela e compartilha com os alunos o que para ele faz sentido nessa experiência. O encantamento dos estudantes pelo tema vem dessa troca com o professor, que motiva a turma a querer aprender. O relacionamento entre eles se torna mais intenso e sincero, as mentes se acalmam e a concentração de todos melhora.
A questão ambiental tem caráter filosófico?
O problema ambiental é resultado de uma crise de percepção. Se queremos resolver essa crise, temos de melhorar nosso entendimento sobre o mundo. Assim, criamos um território fértil para encontrar soluções, e a escola pode ajudar nisso. Durante as aulas, promovemos momentos de diálogo - o que é muito diferente do debate -, em que os estudantes conversam, analisando o que pensam sobre aquele assunto e procurando entender o que está acontecendo em nosso planeta. Esse é um exercício de observação de nossa forma de pensar e das dificuldades de aceitar opiniões diferentes.
Qual é a origem dos problemas ambientais?
Os biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Valera e a historiadora austríaca Riane Eisler sustentam a idéia de que os problemas ambientais surgiram há 7 mil anos, com o fim das culturas "matrísticas" - o termo vem da palavra matriz e se refere à mulher - e o surgimento das culturas patriarcais. Na cultura matrística, a relação com a natureza e com as pessoas da comunidade e de outros povos era estabelecida por limites e de forma harmônica. Os povos se viam como parte do ambiente e a complexidade estava nas relações e não nas questões materiais. A cultura patriarcal surgiu na Mesopotâmia, quando o homem começou a desejar dominar o meio e outros povos. Hoje, temos o mesmo conflito: aceitar os limites impostos pela natureza sabendo que somos 6 bilhões e que vivemos em um planeta só ou atender ao desejo de ter uma vida confortável e consumir cada vez mais?
Por que a tecnologia e a ciência não conseguiram resolver esses problemas?
Albert Einstein dizia que nós não conseguimos solucionar um problema permanecendo no mesmo nível de consciência em que ele foi criado. Veja o exemplo do lixo: começamos a criar substâncias artificiais que a natureza não reconhece. Daí, desenvolvemos tecnologias de reciclagem que imitam com muita limitação o ciclo da natureza, mas não resolvem a questão. A confiança na tecnologia faz as pessoas consumirem sem compromisso. Hoje, o volume de produção de lixo é desproporcional ao que é possível reciclar. Então, a reciclagem nunca solucionará a questão, porque a indústria vai criar novas substâncias e as pessoas vão consumir cada vez mais achando que tudo pode ser reciclado.
Rita Mendonça - Bióloga e socióloga, cofundadora do Instituto Romã, entidade
sediada em São Paulo que representa no Brasil a Sharing Nature Foundation -
organização não governamental americana dedicada à educação ao ar livre.
RITA
MENDONÇA "É importante o professor refletir
sobre o que consome e como se relaciona com o mundo à sua volta"
Fonte: Disponível
em http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/fundamentos/rita-mendonca-educador-ambiental-ensina-suas-atitudes-426107.shtml
Postado por: Marcos Vinny
Informações super importantes para nosso crescimento.
ResponderExcluirRealmente Simone, é super importante nos mantermos em dia com o que acontece no mundo. Fique a votade, envie matérias pertinentes e relevantes para nós postarmos ok?
ExcluirGratos pela visita.